segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

RISPA, A INFLUÊNCIA DA FIDELIDADE


      Uma apresentação de Rispa
Rispa era filha de “Aiá”. A menção do nome de seu pai sugere que a família dela deve ter sido importante e que ela não era uma simples es crava. Seu nome significa: “brasa viva”. Rispa foi concubina do rei Saul e teve dois filhos com ele – Armoni e Mefibosete. Após a morte de Saul, Rispa ficou viúva com dois filhos para criar. Como Isbosete perdeu o reino e foi morto, tudo indicava que a vida de Rispa não lhe oferecia nenhuma perspectiva alvissareira. Diante desse quadro desolador, a dor dela aumentou quando Davi mandou entregar seus dois filhos aos gibeonitas, os quais os enforcaram. Rispa, viúva, acusada de ter tido um caso com o general Abner, agora estava sem filhos e parecia totalmente abandonada. Diante desse quadro, seria normal que ela se julgasse vítima. Mas sua atitude foi nobre e elevada. Ela não reclamou, não se queixou, mas agiu. Construiu uma barraca improvisada com panos pretos e, por muitas semanas, cuidou dos sete corpos em decomposição para que as aves de rapina e animais selvagens não os devorassem, até Davi ordenar que eles fossem sepultados com dignidade. Aqui cabe mencionar algumas características dessa nobre mulher:
1. Rispa deixou nos registros da história uma atitude proativa.
2. Poucas de suas ações podem ser consideradas grandes atos. Mas ela “é”. O ponto forte aqui é SER.
3. Ao acusar Abner de adultério com Rispa, Isbosete nem sequer mencionou o nome dela. Disse apenas: “Por que possuíste a concubina de meu pai? (2Sm 3:7) E Abner, insensível e indignado, respondeu: “Você está me acusando pela maldade de uma mulher” (2Sm 3:8). Embora fosse tão desconsiderada pelos homens, a simples menção dela mudou a história de Israel.
4. Ela foi uma mulher perseverante. Viveu com desconforto por um longo período ao ar livre, suportando sereno e sol, dia e noite, até que seus amados fossem tratados com respeito e dignidade.
5. Rispa não era uma pessoa pronta a reclamar de tudo e de todos. Viveu em silêncio. Mas falou muito alto.
6. Ela manifestou amor e paixão pela vida. 7. Mãe digna de honra.8. Mãe dedicada e fiel.
 O que era uma concubina?
“Modernamente, o concubinato é um termo jurídico que especifica uma união não formalizada pelo casamento civil.” Sendo que a sociedade ocidental em que o Brasil se enquadra é baseada no princípio monogâmico do casamento, como sociedade e como Igreja, não aceitamos o concubinato como praticado nos tempos da monarquia em Israel e arredores. O autor da lição resume o formato da concubina nas seguintes palavras: “Frequentemente, as concubinas eram tiradas de entre as servas ou empregadas de uma família. Seu propósito expresso era produzir herdeiros e, se produziam descendentes masculinos, seu status e posição social eram semelhantes aos das esposas legítimas. Os homens eram considerados maridos de suas concubinas (Jz 20:4). Seus filhos apareciam nas genealogias (Gn 22:24) e recebiam parte da herança (Gn 25:5, 6).
É interessante notar que as concubinas apareciam principalmente no período patriarcal. “Durante a primeira monarquia, as concubinas estavam relacionadas com as casas reais” (Lição da Escola Sabatina, 21 de novembro de 2010). Nos tempos bíblicos, uma concubina não era simplesmente escrava ou, pior, escrava sexual. Ela era esposa com direitos legais. No caso de Rispa, ela era concubina do rei Saul. Era uma mãe dedicada e vivia no palácio real. Entretanto, com os rumos políticos tomados após a morte de Saul, “Rispa não tinha segurança. Seu destino parecia totalmente fora de suas mãos, determinado por forças e circunstâncias além de sua autoridade ou controle.”

Atos falam mais que palavras
Houve três anos de fome em Israel. Foi um tempo difícil e com grandes perdas para o povo e a nação. Então, o rei Davi consultou ao Senhor e veio a resposta divina: “Há culpa de sangue sobre Saul e sobre a sua casa, porque ele matou os gibeonitas” (2Sm 21:1). Davi chamou os gibeonitas e lhes perguntou: “O que quereis que vos faça? E que resgate vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor?” E a sua resposta foi: “Não é por prata nem ouro que temos questão com Saul e com sua casa; nem tampouco pretendemos matar pessoa alguma em Israel [...] Quanto ao homem que nos destruiu e procurou que fôssemos assolados, sem que pudéssemos subsistir em limite algum de Israel, de seus filhos se nos deem sete homens, para que os enforquemos ao Senhor, em Gibeá de Saul, o eleito do Senhor...” (2Sm 21:3-6).
       A influência de Rispa na unificação do reino
A história de Rispa está marcada por apenas dois incidentes:
1. No primeiro, ela não teve participação ativa e envolvente. Mas se tornou figura decisiva. Simplesmente, ela foi o motivo que levou Abner a abandonar seu posto de general de Isbosete e debandar para o reino de Davi, abrindo caminho para que todo Israel seguisse o filho de Jessé. Rispa foi a causa silenciosa. Pessoalmente, creio que Abner estava procurando um pretexto para fazer o que fez. E viu na acusação de Isbosete a áurea oportunidade que procurava. Embora Rispa não tivesse parte ativa, ela foi decisiva no novo rumo que a história de Israel tomou. Gerald Klingbeil diz: “Foi realmente a menção do nome de Rispa que provocou essa mudança. Embora Rispa não seja ativa no relato, ela é altamente significativa” (Lição, 22 de novembro de 2010). Rispa ficou no meio do “tiroteio” entre Isbosete e Abner. Ambos saíram perdendo e foram mortos. E ela ganhou a guerra sem dar nenhum “tiro”.
2. No segundo incidente, a participação de Rispa é silenciosa mas ativa e participativa. Depois de terem sido enforcados os sete homens da família de Saul, incluindo seus dois filhos, os executores gibeonitas os abandonaram ao ar livre, expostos às aves de rapina e animais selvagens. Não tendo permissão para sepultar com dignidade seus queridos, nem tendo a quem recorrer, Rispa fez o que podia. O relato sagrado diz: "Então Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de cilício e estendeu-lho sobre uma penha, desde o princípio da colheita, até que a água do céu caiu sobre eles. Ela não deixou as aves do céu pousarem sobre eles durante o dia, nem os animais do campo durante a noite" (2Sam 21:10). Alguns comentaristas dizem que essa vigília de Rispa durou dois meses. Outros chegam a mencionar seis meses (Chantal y Gerald Klingbeil - Histórias Poco Contadas, p. 98). Não importa quanto tempo ela ficou ali. O que nos impressiona é o idealismo, a garra, a constância e a espera de Rispa. Cuidando noite e dia dos restos mortais de seus amados e enxotando os animais e as aves. É interessante notar que a chuva, como resposta de Deus, não caiu após a execução dos sete descendentes de Saul. Mas somente após Davi ordenar o sepultamento deles com dignidade. Alguns rabinos dizem que Davi fez uma grande procissão pelos territórios de Israel para sepultar esses mortos (Chantal y Gerald Klingbeil - Histórias Poco Contadas, p. 98).




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